Nesse primeiro post vamos tratar de um assunto simples mas que talvez nem todos realmente entendem que são os pedais de efeitos e suas partes. Você provavelmente tem um board cheio de pedais e se não tem já tem o planejamento de encher o seu de pedais, mas, você realmente sabe o que é um pedal de efeito ? Não tem certeza se sabe ? Então bora começar com o conceito básico.
Um pedal de efeito é um circuito eletrônico analógico ou digital (qual é melhor? Isso é assunto para outro post), que é capaz de alterar as características originais do sinal proveniente dos captadores da guitarra, essa alteração pode ser de nível, de frequência, de harmônicos e dentre vários outros tipos de alterações que são propriamente os diferentes tipos de efeitos, podemos citar alguns clássicos: Overdrive, Distortion, Fuzz, Delay, Chorus, Reverb e etc. Como o objetivo desse post é te ensinar mais sobre um pedal de efeito, nada melhor do que mostrarmos as partes que compõem um não é mesmo ? Então, continue lendo esse post e conheça cada parte que irá compor um pedal e algumas menções sobre o que um projetista deve ter em mente na hora de escolher a peça em questão.

 

Carcaça

A carcaça do pedal é uma das partes mais importantes para a sua durabilidade e o seu bom funcionamento, pois é ela que estará em contato com o ambiente externo e terá que aguentar as “porradas” do dia-a-dia, então, o mais recomendado é que um pedal seja feito em uma carcaça de alumínio ou de aço pois são materiais mais resistentes e também fazem o papel de isolamento do circuito interno contra fontes externas de ruído. Atualmente no mercado de pedais existem 2 tipos de carcaças mais utilizadas, que são as caixas de alumínio no padrão hammond, essas caixas seguem o padrão de caixas utilizadas pela MXR, elas são compostas por uma peça solida de alumínio fundido que leva uma tampa de alumínio parafusada em seu fundo, esse tipo de caixa foi utilizada em nossos pedais na primeira versão do Helios Overdrive, Indigo Reverb e Dream Machine Delay. O outro tipo de carcaça é a de chapa de aço dobrada, esse é o tipo de caixa que utilizamos atualmente, esse modelo é composto por 2 chapas de aço dobradas, que ao se encaixarem irão formar uma caixa para abrigar o circuito do pedal, a vantagem de utilizar esse tipo de caixa é a personalização que cada fabricante pode fazer em seu projeto, pois elas não precisam serem fabricadas em grandes lotes como as caixas no padrão hammond necessitam, então, ao escolher esse tipo de caixa temos uma personalização maior do pedal e a facilidade de ter os furos na carcaça serem feitos diretamente no processo de fabricação dela, assim agilizando a produção do pedal, pois não precisaremos furar a caixa depois que ela chega na oficina.

 

Knob

Esses são os botões que encaixam no eixo do potenciômetros, para que você consiga configurar o pedal ao seu gosto, geralmente se usa a ideia de um relógio para indicar o ajuste do knob. Na foto a direita temos um knob de plástico e na da esquerda um knob de alumínio, atualmente utilizamos os 2 tipos de knobs em nossos pedais, e sua escolha geralmente é simplesmente estética, já que essa é a função do knob, ser uma interface entre o eixo do potenciômetro e o usuário, assim facilitando os ajustes e identificação da porcentagem do eixo que foi girada.

Jack P10

Os jacks em geral são classificados em macho e fêmea, sendo o macho o que fica na ponta do cabo que se usa para ligar a guitarra no pedal e fêmea o que se encontra no pedal, o mais comum é que esse cabo mono transporte o sinal GND e o sinal da guitarra. Na foto da esquerda temos um Jack Stereo de Placa, esse tipo de Jack é projetado para ser soldado diretamente na PCB, assim oferece a vantagem de agilizar o processo de fabricação e impedir erros provenientes da solda dos terminais errados, erro que pode ser muito comum ao utilizar o jack da direita, pois esse é um jack que necessita de um fio entre ele e a PCB, o que torna o processo de produção mais lento e mais sujeito a erros, afinal é muito fácil se confundir e soldar os fios invertidos na placa.

Jack P4

O Jack P4 é o utilizado para ligar a fonte de pedais no pedal, assim fornecendo energia para o seu funcionamento. Ele geralmente tem 3 pinos, sendo 1 deles utilizado para criar um chaveamento que desliga a ligação da bateria com o circuito, ao ser conectado um plug no jack e os outros 2 responsáveis pelo GND e pelo Positivo da fonte, o que pode ser 9V, 12V e 18V. Um fato interessante sobre a utilização do jack p4 nos pedais é que atualmente todo fabricante utiliza o padrão Boss de polaridade, esse padrão consiste no sinal positivo ficar do lado de fora do plug e o interior ser o GND, não utilizar esse padrão em seus pedais é dar uma dor de cabeça ao seu cliente, afinal toda fonte de pedais utiliza esse padrão de polaridade, o ponto negativo deste padrão é que você corre o risco de queimar algum pedal, caso você por acidente encoste o lado de fora do plug na carcaça do pedal, já que a carcaça é aterrada no GND, e o lado de fora do plug carrega o sinal positivo, assim você estaria fechando um curto e possivelmente queimando algum pedal, então, por favor tome cuidado ao conectar seus pedais na sua fonte, de preferência faça isso sempre com a fonte desligada.

Potenciômetro

O potenciômetro é um tipo de resistor variável de 3 terminais, é ele que torna possível os controles de parâmetros do circuito que antes seriam fixos, como ganho, tonalidade, volume e etc. Os potenciômetros são peças fundamentais dos pedais, pois eles que permitem as alterações nos circuitos e assim as modificações no efeito.

Nas fotos acima temos 2 tipos de potenciômetro, que são muito utilizados na fabricação de efeitos, esse tipo de potenciômetro é soldado diretamente na placa de circuito impresso, não necessitando de soldar fios em seus terminais. Isso agiliza muito o processo de fabricação de um pedal e deixa o processo mais confiável, pois, a possibilidade de soldar os terminais nos locais errados é mínima. Você pode estar se perguntando se existe um potenciômetro melhor que o outro, ao comparar as 2 fotos acima, e a resposta é não, na escolha entre esses 2 tipos de potenciômetro, deve levar em consideração o layout da placa de circuito e a carcaça do pedal, cada um irá servir melhor para determinada situação.

Placa de Circuito

Mais conhecidas como PCB (Printed circuit board) ou PCI (Placa de Circuito Impresso), são as responsáveis por fazer a ligação dos componentes eletrônicos do circuito, essas podem ser fabricadas em casa ou fabricadas profissionalmente por alguma empresa especializada, o que é recomendado para se ter uma maior durabilidade da mesma. Na foto da esquerda abaixo, temos a PCB do Indigo Reverb V1, ela é uma placa fabricada por um empresa especializada, e tem uma confiabilidade muito maior do que uma placa artesanal, o que nos permite ter um processo de fabricação muito mais assertivo, pois sabemos que não teremos erros vindo da PCB. Já na foto da direita temos uma PCB ilhada, esse tipo de placa é muito utilizada para desenvolvimento de protótipos e para montagem de circuitos menos complexos, note que ela é chamada de PCB ilhada por ter diversos furos rodeados de cobre, são nesses furos que o pino do componente irá entrar e as trilhas do circuito serão feitas com a ligação de furo ao outro através de solda.

Resistor

O resistor é um componente que tem por finalidade controlar a corrente elétrica de um circuito, ele é peça fundamental dos circuitos e será encontrado em praticamente qualquer projeto eletrônico. A variedade de resistores é imensa, e para interpretá-los é preciso aprender a regra de conversão das cores (foto da esquerda) ou a regra dos números (foto da direita). Para escolher um resistor devemos primeiro decidir qual a resistência que necessitamos ter naquele estágio do circuito, essa resistência é medida em ohms, depois calcularmos a potência que esse resistor irá dissipar, a potência aqui é medida em watts, com esses dados definidos já seremos capaz de comprar os resistores para dar vida ao circuito. Nas fotos abaixo você pode notar que mostramos resistores de PTH ou Pin Through Hole (“Pino pelo furo”) e um resistor SMD ou Surface Mounted Device (“Dispositivo montado na superfície”), aqui começamos a falar de um mito que existe no mundo dos pedais, que é a diferença de timbre de um pedal que utiliza componente PTH e de outro que utiliza componente SMD, esse é um tema que merece um post dedicado a ele aqui em nosso blog e pode deixar que iremos fazer, mas para já acabar com esse mito, podemos afirmar que não há diferença de timbre de um componente PTH ou SMD, a diferença entre esses 2 tipos de componentes está no seu tamanho e praticidade, pedais que utilizam PTH tem um processo de produção mais demorada, porém no mercado brasileiro encontramos facilmente resistores PTH para substituição, já pedais que utilizam SMD podem contar com um processo de produção mais moderno, rápido e confiável, e além disso o SMD possibilita a criação de pedais mais complexos e modernos em caixas menores, pois o espaço ocupado pelo componente na PCB é menor, porém, não podemos deixar de destacar que no Brasil a oferta de componentes SMD é menor, o que pode dificultar na hora de encontrar esse tipo de componente para substituição.

Capacitor

O Capacitor é um componente que tem por finalidade armazenar energia elétrica em forma de tensão elétrica, é muito importante sua utilização nos circuitos dos pedais, pois é através dele que são criado os filtros para equalização dos pedais, os circuitos de LFO de pedais de modulação dentre varias outras aplicações. Para escolhermos um capacitor para nosso projeto, devemos considerar 2 principais fatores, que são a capacitância, que é medida de Fards e a tensão suportada pelo capacitor, que é medida em Volts. Ao definir esses 2 principais fatores é hora de procurar o tipo de capacitor que melhor se enquadra no projeto, e ai temos diversos tipos, que são os de cerâmica, eletrolíticos, tântalo, de óleo, e etc.

Indutor

O Indutor é um componente que tem por finalidade armazenar energia em forma de campo elétrico, ele é utilizado em filtros nos circuitos de alimentação dos pedais e em alguns filtros, por exemplo em pedais de Wah Wah, em que se utiliza um indutor especifico para criar o efeito.

Transistor

Esse é o componente que revolucionou a eletrônica, foi a partir do transistor que se iniciou a miniaturização dos circuitos eletrônicos, pois o transistor conseguiu realizar o papel das válvulas eletrônicas com um tamanho muito menor e nos pedais ele tem o papel básico de amplificar os sinais, mas também tem varias outras aplicações.

Comparação de transistores com uma moeda

Circuitos integrados

Os circuitos integrados como o próprio nome diz, é um circuito que foi integrado em um substrato de material semicondutor, então aqui não estamos falando de um tipo de componente que tem uma função especifica, afinal teremos desde amplificadores operacionais, a processadores, filtros, resistores e capacitores, integrados em uma encapsulamento de circuito integrado. Graças a tecnologia dos circuitos integrados é possível cada vez mais a criação de circuitos complexos e grandes em espaços cada vez menores, pois, como foi mencionado, dentro de um circuito integrado existe um circuito que foi miniaturizado e caso não fosse, ocuparia um grande espaço na PCB, como é o caso de um simples amplificador operacional, que vocês podem ver nas 2 fotos abaixo, esses carinhas carregam dentro deles cerca de 30 transistores, 16 resistores e outros componentes específicos, tudo isso ocupando um espaço minúsculo. Nas fotos abaixo estamos comparando o mesmo circuito integrado, que é o clássico 4558 em suas versões DIP e SMD, e como já dissemos acima, também existe muita especulação sobre a diferença desses componentes em relação ao timbres, pois ao primeiro olhar vemos que um é bem maior que o outro e pode nos trazer ao pensamento de que por isso ele é melhor, porém, esse é outro mito envolvendo o mundo da eletrônica para pedais, pois, se você abrir o encapsulamento do componente da esquerda, irá se deparar com uma minúscula pastilha de silício que será do mesmo tamanho da pastilha do da direita, o que nos mostra que a diferença entre esses componentes está apenas no encapsulamento externo e não no seu coração.

Considerações Finais

Por fim é isso, agora você já tem uma melhor noção do que é um pedal de efeito e os componentes que constitui um. Fique ligado em nossas redes sociais que sempre que tiver publicação nova em nosso blog postaremos por lá e compartilhe esse post com seus amigos para que eles também entendam melhor sobre o mundo dos pedais de efeitos 🙂

A você também pode comentar aqui se esquecemos de falar de algum componente, que podemos fazer uma parte 2 desse post e abordarmos outros componentes e até falar mais sobre os componentes aqui apresentados.

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